Escola pra quê?


Nassim Nicholas Taleb, em seu livro "A cama de Procusto", escreve: "o principal motivo para ir à escola é aprender a não pensar como um professor."

Esse pensamento me chamou muito a atenção. Conhecendo um pouco da obra do autor ouso afirmar que há uma crítica expressa a postura intelectual dos professores.

Provavelmente o autor está dizendo que o maior proveito que se pode tirar dos anos escolares é rejeitar a forma de pensar dos professores.

Isso me faz pensar se eu estou sendo um bom professor ou se meus alunos devem seguir o conselho de Nassim Taleb e rejeitar minhas reflexões. Não serei pretensioso em afirmar que eu penso corretamente, mas com sinceridade vou apresentar como tento refletir sobre minha própria opinião para que seja ao menos um pouco relevante.

Primeiro não confio em quem não dúvida de si mesmo. Pessoas que não cogitam a possibilidade de estarem erradas não servem para um debate sincero e produtivo, muito menos para serem professores.

Segundo, como consequência de não se cogitar estar errado, não se procura entender o argumento do outro, assim sempre estamos discutindo dentro da lógica do espantalho, meus argumentos em nada se opõem aos do meu interlocutor, exatamente pela razão de que eu não os entendi.

Por fim, não se deve amar muito suas verdades, Edgar Alan Poe dizia: "convencido eu, não me preocupo em convencer os demais". 

Pois bem, obviamente não são apenas esses critérios que podem ser usados, apenas tentei traçar o eixo principal de minhas reflexões sobre o que penso.

Procuro sempre considerar que posso estar errado e que opiniões diferentes da minha vão me ajudar a aperfeiçoar meus argumentos ou mesmo me fazer enxergar meus equívocos. Para isso busco honestamente entender os argumentos de meus interlocutores, pois sem essa compreensão não posso verificar a acertividade de meu pensamento. Destarte não tenho nenhum amor por estar certo, se eu verificar que outra opinião é mais correta e está mais alinhada com a realidade busco logo corrigir meu pensamento.

No mesmo livro, o autor diz que a pessoa que mais se teme contradizer é a si mesmo. A grande questão é que para manter nossas ideias, pelas quais somos apaixonados, aceitamos argumentos e narrativas que não se fundamentam na realidade e certamente isso leva a uma irrelevância intelectual gigantesca. Assim acredito que somente o professor que ama a verdade e busca ajudar os alunos a verem a realidade esse será mais relevante e não estará entre os que Nassim Taleb se refere. Certa vez li: "não há boa intenção sem amor pela verdade".

Rubem Alves certa vez disse que há escolas que são gaiolas e outras que ensinam a voar. Respeitosamente ao grande pensador, gosto de pensar que sempre há gaiolas a nos prender e há professores que ajudam a abrir essas portas e estimulam o vôo. Espero ser um desses professores.

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