A crise moderna como crise ética e de autoridade
Não é novidade pra ninguém as ideias relativistas que governam a nossa época; atualmente nada é aceito como verdadeiro ou real, tudo é questionável e deve ser relativizando. Como dizia Chesterton "vivemos tempos em que precisamos desembanhar a espada para defender o óbvio".
Entretanto, para além das consequências óbvias como ausência de paradigmas seguros para elaboração de conceitos, leis, regras morais, etc. Há uma consequência muito sutil que não se percebe facilmente.
As pessoas abandonam a própria formação moral, deixam de perceber que o único meio de sobreviver a esse caos estabelecido é a própria firmeza moral, ética, pessoal, em outras palavras, apenas um caráter firme, uma personalidade bem formada pode nos dar alguma esperança de sobrevivência em meio a esse caos chamado modernidade.
O pior é perceber que até mesmo aqueles que defendem a importância dos valores morais não percebem que sem essa formação pessoal seu discurso é vazio e não surte nenhum efeito.
Essa irrelevância se dá em dois aspectos, primeiro pelo fato de que não há força no discurso e nas ações daqueles que não demostram essa força de caráter, segundo quando há ausência dessa formação pessoal ou uma formação fraca, defasada não há clareza do indivíduo para tomar decisões e saber o que fazer. Ambos os aspectos demonstram a grave crise de autoridade que vivemos.
Um exemplo claro disso é a determinação da secretaria de educação do Estado de Santa Catarina em proibir alguns livros nas escolas da rede estadual. Na lista consta livro de divulgação científica na área da sexualidade e romance policial envolvendo temáticas religiosa.
Claro que essa proibição configura uma censura, não importa qual seja a justificativa bonita, pretensamente justa e tudo mais que se tenha dado. Mas além disso fica evidente a falta de boa formação dos gestores que tomaram essa decisão, não percebendo que mandar não é exercício de autoridade mas meramente de poder, sendo dois conceitos diferentes.
Darcy Azambuja afirma que autoridade é direito de mandar e poder são os meios para se fazer obedecer. Com o devido respeito ao celebre autor, a palavra autoridade vem de autoria e nos diz muito mais que um direito juridicamente estabelecido.
Autoridade é resultado da percepção do indivíduo como autor, primeiro de si mesmo e depois do resultado positivo que ele pode gerar para as pessoas a sua volta, portanto a verdadeira autoridade não está ligada ao cargo político e sim a sua formação ética e moral.
Portanto o poder exercido sem autoridade é apenas tirania, não apenas no âmbito político jurídico, mas principalmente no sentido ético, sendo esse último o sentido sentido da profunda crise em que nos encontramos, pessoas possuem autoridade e poder juridicamente estabelecidos mas eticamente estão longe de qualquer vestígio da verdadeira autoridade.
Por fim no que tange a censura dos livros, isso não passa de uma atitude de alguém que não possui boa formação pessoal, sendo desprovido da firmeza de caráter necessária para apresentar ao mundo a verdade. No caso da educação, a postura correta é apresentar propostas, mostrando o valor da boa literatura e a importância dos bons valores. Essa é a postura proveniente da verdadeira autoridade.
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